sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

MCB - FARC - FSP: membros de um mesmo corpo

Há muitos anos venho denunciando - com provas fidedignas –, junto com outros amigos como Olavo de Carvalho e Heitor de Paola, só para citar dois deles, as ligações de Chávez e o Foro de São Paulo (FSP) com as FARC, embora todos os governos envolvidos insistam em negar com palavras, o que ratificam a cada dia com atos que já nem se preocupam em dissimular ou ocultar; apenas continuam cinicamente negando. A comprovação maior desta aliança ficou patente com a descoberta dos computadores de Raúl Reyes, “John 40” e outros chefes guerrilheiros entre março e outubro do ano passado, que o Notalatina divulgou e analisou na ocasião. Depois disso, muitas denúncias foram feitas através de artigos e livros publicados por competentes analistas, como “El Foro de São Paulo contra Álvaro Uribe”, de Alejandro Peña Esclusa, ou “Complot contra Colombia”, do coronel Luis Alberto Villamarín Pulido, (ambos meus amigos pessoais e cujas obras continuam inéditas no Brasil por falta de interesse das editoras nacionais na publicação), ou ainda de ex-seqüestrados que em várias passagens referem ter recebido algum material provindo da Venezuela ou mesmo que estavam acampados em solo fronteiriço com o Equador ou a Venezuela.

No início desta semana, entre 7 e 9, aconteceu o Congresso Constitutivo do Movimento Continental Bolivariano (MCB), em Caracas, que reuniu mais de 30 agrupações comunistas (me recuso ao eufemismo de chamar esta gente de “esquerdista” ou de “manifestantes populares”) onde participaram em torno de 300 delegados internacionais e 500 nacionais. Este congresso surgiu da “necessidade” de ampliar o espectro de ação da antiga “Coordenadora Continental Bolivariana”, criada em 2003 por Alfonso Cano e que teve as bênçãos e difusão de “Iván Márquez” e “Timochenko”, ambos do Secretariado Geral das FARC.

No segundo Congresso da Coordenadora Continental Bolivariana, ocorrido em 28 de fevereiro de 2008, um dia antes do abate de Raúl Reyes, este enviou uma saudação em vídeo que o Notalatina publicou na época e republica nesta edição, para que as provas fiquem todas juntas.




Neste segundo Congresso, ocorrido dentro do Fuerte Tiuna, que é o bastião das Forças Militares e Ministério da Defesa da Venezuela, acordou-se reconhecer as FARC e outros bandos terroristas como “forças beligerantes”, apoio à troca “humanitária” de seqüestrados na Colômbia, e o despejo dos municípios de Pradera e Florida. “Coincidentemente”, depois estas mesmas petições fizeram parte das deliberações do Foro de São Paulo nos encontros do Grupo de Trabalho e no Encontro anual, ambos ocorridos no México.

Neste encontro fundacional do MCB nem Chávez nem o grilo falante do PT, Marco Aurélio Garcia, tampouco Valter Pomar estiveram presentes; entretanto, sua participação fica implícita, uma vez que todas as deliberações giraram em torno dos mesmos temas abordados pelo FSP, a ALBA, a UNASUL e o MERCOSUL, ou seja: a situação de Hondura e a insistência ridícula e caolha de não aceitar o novo presidente eleito legalmente, continuar chamando de “golpe militar” e querer Zelaya no governo; a “exigência” da retirada da IV Frota e dos militares americanos das bases da Colômbia, - que eles cinicamente insistem em dizer que são “bases norte-americanas” -, e o principal, já afirmado desde os primeiros anos de criação do FSP, do reconhecimento legal das FARC como “forças insurgentes beligerantes” com poder político. Não é preciso estar presente ou de algum modo representado neste encontro específico para saber que Lula e seus “assessores” para assuntos exteriores apoiaram as propostas debatidas ali.

No vídeo abaixo, o secretário do MCB, Carlos Casanueva afirmou em entrevista com a diretora do Canal NTN24 e do programa La Noche, que sua organização respalda as FARC e jamais as considerará como uma organização terrorista. Quer dizer, não há mais a menor preocupação esconder ou negar que todos fazem parte de um mesmo corpo.




Neste outro vídeo o MCB nomeia Alfonso Cano como seu “chefe honorário” e pode-se ver a cara de Marulanda Tirofijo no banner do evento como um dos “lideres” do Movimento. No manifesto elaborado em 29 de novembro, a coordenação do movimento chama a todos e todas a “nos encontrarmos neste grande espaço estratégico de unidade e ação que nos chamam o Libertador Simón Bolívar, Miranda, Artigas, o Che, Morazán, Caamaño, Lautaro, Martí, Amaru, Katari, Alfaro, Sandino, Farabundo, Prestes, Betances, Manuelita, Marulanda, Zapata e Villa e todos os heróis e heroínas da liberdade americana”.



No sábado 5 de dezembro, que antecedeu o evento, a Direção Geral do MCB ofereceu uma coletiva de imprensa em que expuseram com uma clareza meridiana quem são e o que pretendem os membros desta nova organização, parida e gerida no ventre das FARC. É importante observar que esta organização nasce com estrutura de partido político, talvez o “partido” que vai servir de apoio às FARC caso eles consigam realizar o que Lula sugeriu em abril deste ano, ou seja, transformar-se num partido político para disputar eleições pela via democrática, para depois destruir a democracia legalmente, como aliás, todos os membros do FSP estão fazendo. Esta coletiva é oferecida por Carlos Casanueva Troncoso, Secretario Geral da Comissão Executiva do MCB e membro do Comitê Central do Partido Comunista Chileno; Narciso Isa Conde (que é citado incontáveis vezes nos correios de Raúl Reyes) da Presidência Coletiva da República Dominicana e Yul Jabour, do Comitê Central do Partido Comunista Venezuelano e da Direção Geral da CCB-Venezuela.

Neste áudio, que pode-se ouvir aqui, Casanueva agradece o apoio de Chávez em todos esse anos, o que corrobora suas alianças com as FARC, por mais que ele negue suas ligações siamesas com o bando desde sempre.

O ponto culminante do evento, entretanto, ficou por conta do vídeo enviado por Alfonso Cano, substituto de Marulanda como Chefe do Estado Maior Central das FARC que foi ovacionado pelos presentes. Vejam bem: o primeiro encontro da Coordenadora Continental Bolivariana ocorreu em 2003, dentro das próprias FARC. Em 2008, as FARC já estavam muito visadas e não participavam de nenhum encontro de corpo presente (como nos do FSP) mas não deixavam de enviar suas mensagens escritas ou em vídeo, como este segundo congresso que aconteceu na Venezuela, embora quando da morte de Reyes Chávez tivesse negado envolvimento com estes bandidos. Fica patente que esta escória terrorista nunca, jamais, em tempo algum, esteve afastada nem de Chávez, nem de Lula, nem do FSP.

No início de seu discurso Cano diz o seguinte:

“Compatriotas latino-americanos e caribenhos assistentes a este histórico evento, companheiras e companheiros: recebam a saudação entusiasmada do Secretariado, do Estado Maior Central, do corpo de comando e da guerrilheirada das FARC-EP, assim como de todos os integrantes das milícias bolivarianas.

Constituir um movimento político continental, de essência bolivariana, justo quando o império estadunidense desloca sua força militar na Colômbia e dispõe, ameaçadoramente, seus aparatos de guerra e terror contra os povos latino-americanos e caribenhos, é não só uma necessidade histórica senão um dever inadiável que sinaliza o horizonte da unidade combativa de nossos povos em defesa de sua dignidade, independência, história, valores, cultura, território, recursos humanos, riquezas naturais e do inalienável direito a forjar soberanamente seu futuro”.

E segue com esse bla-bla-bla, sem esquecer de dizer que é necessário derrotar “o império” e o capitalismo, causa de todos os males da América Latina. Entretanto, apesar de odiar o capitalismo e sobretudo os Estados Unidos, vejam o laptop que ele está usando! Não pude deixar de dar uma gargalhada mas de escárnio, porque um MacBook é genuinamente americano, coisa para capitalista burguês! Bando de hipócritas!

Assistam abaixo seu discurso e chorem de emoção.


Alfonso Cano saluda a los bolivarianos congregados en Caracas

Cavaleiro do Templo | MySpace Video


Dirijo-me agora não só a meus dois ou três leitores habituais mas de modo específico aos senadores brasileiros que irão votar a entrada de Chávez no MERCOSUL dia 15. Vejam o que disse o comunista dominicano Narciso Isa Conde, a respeito da participação das FARC neste MCB:

“As FARC são um dos componentes (do MCB), participam inclusive da presidência colegiada. Por decisão desse congresso, a presidência coletiva do MCB tem entre seus membros o desaparecido chefe máximo e fundador das FARC, Manuel Marulanda Vélez”.

É importante salientar ainda que é o site da Radio Nacional da Venezuela, um órgão do governo pertencente ao Ministério do Poder Popular para a Comunicação e a Informação do Governo Bolivariano da Venezuela quem está divulgando as informações deste evento, ou seja, tem o apoio integral do presidente Chávez. Ademais, Yul Jabour é deputado do Parlamento Latino-Americano, Parlatino, portanto, é um membro do Governo com representação internacional quem afirma que “o MCB não discrimina a forma de luta e em conseqüência acolhe qualquer movimento insurgente, inclusive a guerrilha das FARC”, corroborando mais uma vez o reconhecimento que Chávez fez às FARC em março de 2008, quando pediu um minuto de silêncio em memória de Raúl Reyes.

Além disso, tanto a Venezuela quanto a ALBA, o MERCOSUL, a UNASUL são membros plenos de acordos e resoluções da ONU a respeito do combate ao terrorismo e estão obrigados a acatá-los e cumpri-los. Nenhuma justificativa ideológica pode respaldar o desconhecimento desses acordos nem desconhecê-los unilateralmente sem incorrer em sua violação. Então, o que dizer em relação às declarações do deputado Jabour e do próprio Chávez em relação a este Movimento Continental Bolivariano cujo presidente é o Chefe do Estado Maior das FARC? Qual vai ser a desculpa agora? Que argumentos têm (ou terão) os defensores da entrada de Chávez no MERCOSUL, depois deste evento nefasto, afrontoso e descarado? Quem cospe sobre a própria assinatura em acordos internacionais com a ONU e o Conselho de Segurança Nacional, o que fará com relação aos estatutos do MERCOSUL que ele já viola flagrantemente?

Pensem muito nisto antes de dar o seu aval a esta entrada, porque o Sr. da Silva é comparsa de Chávez em todas estas patifarias e por isso defende sua entrada no bloco aduaneiro, por isso todos eles, as FARC sobretudo, se opõem inventando mentiras, ao acordo bilateral entre a Colômbia e os Estados Unidos porque sabem que isto pode significar o fim das FARC, por isso insistiam na reposição do golpista Zelaya ao poder e por isso necessitam criar mais e mais organismos que defendam “todas as formas de luta”.

E para terminar esta edição de hoje, deixo-os com o vídeo onde o Cel Luis Villamarín, que conhece as FARC em suas entranhas pois foi seu combatente quando estava na ativa no Exército da Colômbia, explica que as FARC são precursoras deste tal movimento. Espero que aproveitem todas estas informações e analisem em que barco furado o des-governo comuno-sindicalista do Sr. Lula está nos levando. Fiquem com Deus e até a próxima!

Traduções e comentários: G. Salgueiro