quinta-feira, 6 de dezembro de 2007







Na última edição do Notalatina eu mais ou menos insinuei que teria havido algum acordo para que finalmente o resultado do referendum refletisse a realidade das urnas, pois desta vez Chávez enfrentou fatores adversos e um número bem mais significativo de vigilantes e atentíssimos opositores que impediram que se consumasse a fraude que o governo planejava. Eu sabia, naquela ocasião, que os resultados haviam sido manipulados, que a demora na divulgação estava intimamente ligada a essa fraude mas não tinha provas. Hoje as tenho e vou apresentar, inclusive com alguns vídeos que não deixam qualquer margem de dúvidas sobre o “estado de guerra” em que se encontrava a Venezuela naquele domingo 2 de dezembro, que entrará para a História daquele país como o Dia da Vitória. Aqui neste vídeo, numa entrevista que o dirigente opositor Antonio Ledezma dá a um canal de televisão (que infelizmente não sei qual é), ele aponta inúmeras irregularidades, inclusive há a apresentação da líder estudantil da UCAB Zaimar Castillo, uma garota de pouco mais de 20 anos que dá uma lição de moral, dignidade e respeito às liberdades que deveria fazer corar o Chapolim de Miraflores.


Na segunda-feira pós-referendum os jornais do mundo inteiro – e do Brasil de modo especial - enalteciam duas grandes bobagens: o “espírito democrático” do mandatário venezuelano, por ter aceitado a derrota, e que “agora o povo venezuelano finalmente acordou”. Ora, o povo venezeulano há anos reage e rechaça este governo golpista e ditatorial mas as sucessivas fraudes, referendadas por organismos internacionais como a OEA e a União Européia, não permitiam que sua vontade fosse respeitada, malgrado as infinidades de denúncias com provas irrefutáveis, feitas por respeitáveis e competentes cidadãos daquele país.


E a outra bobagem, sobre o “espírito democrático” do ditador de Miraflores, cai por terra a partir mesmo da proposta de uma modificação da Carta Magna que acabava com o regime democrático e punha em seu lugar um regime socialista-ditatorial. Ainda sobre os jornais, durante esses 9 anos em que Chávez governa a Venezuela nunca se falou tanto – favoravelmente – sobre esta peçonhenta figura como agora. Parece que, por um lado, todos ficaram condoídos com o “sofrimento” dele pela perda e por outro, orgulhosos do espírito democrático, ético, digno e magnânimo ao “aceitar” a derrota. Como veremos a seguir, não houve “dignidade” nenhuma neste acatamento forçado e, ainda assim, fraudulento.


Conforme eu disse na edição passada, desde o princípio da noite do domingo que, tanto o CNE quanto todos os comandos (inclusive os Militares e Chávez) estavam de posse dos resultados mas Chávez não aceitava, por hipótese NENHUMA, sair perdedor do seu grande projeto castro-comunista. As declarações feitas à impresa pelo Chefe do CUFAN (Comando Unificado da Força Armada) e também Comandante do “Plano República”, Gen de Divisão Jesus González González, refletiam um homem tenso, de semblante crispado que traía suas palavras de que “estava tudo bem”; e as declarações do Vice-Presidente da República e presidente do Comitê Central do Comando Zamora, organização governamental que liderou a campanha pelo SIM, Jorge Rodrigues, do mesmo modo refletiam a frustração diante de uma realidade implacável, enquanto suas palavras, mentirosas, pois ele já estava de posse dos resultados, diziam que a apuração ainda estava sendo feita e que as pessoas aguardassem com calma.


Mas, afinal, o que aconteceu nos bastidores do poder naquelas 8 horas de angustiante espera? Ao tomar conhecimento de que a vitória da oposição era acachapante e por isso mesmo difícil de se fraudar, Chávez começa a analisar em seu gabinete com o alto Comando Militar no Fuerte Tiuna, encabeçado pelo Ministro da Defesa, General Gustavo Rangel Briceño e os chefes do CUFAN – general Carlos José Mata Figueroa (Exército), vice-almirante Va Zahim Ali Quitana (Armada), general Luis José Berroterán (Aviação) e general Fredys Alonzo (Guarda Nacional), além de Jesse Chacón, Diosdado Cabello, José Albornoz e Miguel Pérez Abad. Estes diziam a um indócil e irascível Chávez que ele tinha que acatar os resultados da derrota, quando mandaram retirar o palanque armado na frente do Palácio com um boneco gigante do presidente (ver foto) e dispensar os jornalistas convidados para uma coletiva de imprensa.


O Ministro da Defesa, Gustavo Briceño, levanta-se e depois de expressar seu respeito ao Comandante-em-Chefe, o adverte de que a Força Armada não iria reprimir a população. Chávez observa todos e em seguida diz: “Me mentiram, me enganaram” e recrimina Cabello com violência porque o Comando Zamora lhe informava constantemente a vitória do SIM, enquanto os informes da DIM e do DISIP diziam o contrário. Em seguida Chávez começou a receber mensagens desde a Brigada de Pára-Quedista acantonada em Maracay e da Brigada Blindada acantonada em Valencia, dos militares identificados com o general Baduel, dizendo que era inconveniente prolongar essa agonia e que eles não iriam reprimir a população, caso a verdade lhes fosse negada e se consolidasse a fraude mais uma vez. Chávez manda buscar um funcionário do CNE para que confirme as informações e este afirma que os dados são “irreversíveis”.


Os generais dizem então a Chávez: “Presidente, ponha as cifras que quiser, sempre e quando ganhe o NÃO, como é o justo, o preciso e o verdadeiro; não queremos enganos. E outra coisa: deve deixar muito claro que as tendências do voto não vão mudar, nem hoje nem amanhã. Queremos que chame o CNE e diga isso em seu nome e com o nosso respaldo”. Chávez fica calado e depois se retira para um aposento que possui no Forte e fica lá por um bom tempo. Neste quarto, sozinho com sua consciência e encarando de frente sua derrota, ele deve ter esmurrado paredes (e talvez, chorado, porque apresentava os olhos mais inchados do que de costume), pois como mostram claramente as fotos, no momento em que ele resolve “admitir” a derrota e faz um pronunciamento em cadeia nacional, sua mão direita apresenta cortes e hematomas que não haviam quando votou, conforme pode-se ver nos detalhes.


Finalmente ele retorna e “aceita” a vitória do NÃO. Esta foi a jogada: internacionalmente ele apareceria como um democrata e internamente, evitava uma provável guerra civil. Os números revelados para o mundo, portanto, foram os do acordo que passam longe de ser uma “vitória pírrica”, conforme debochou o ditador venezuelano. As cifras REAIS, conforme apontavam as últimas pesquisas de intenção dos votos feitas no último dia permitido pelo CNE, 25 de novembro, que davam 49% para o NÃO e 34% para o SIM, com uma diferença pró-oposição de 15%, foram: Bloco do “NÃO” – 6.585.433, e Bloco do “SIM” 3.265.324.


Depois do pronunciamento público, já na segunda-feira, Chávez tem um encontro com os Chefes Militares na sala “Simón Bolívar” do Palácio de Miraflores, e dentre outras coisas, faz uma ameaça velada à oposição dizendo “preparem-se porque virá uma nova ofensiva com a proposta dessa reforma, ou transformada ou simplificada”. Ocorre que o Art. 345 da Constituição vigente é claro quando diz que, “se declarará aprovada a reforma constitucional se o número de votos afirmativos for superior ao número de votos negativos. A iniciativa de reforma constitucional que não for aprovada, não poderá apresentar-se de novo em um mesmo período constitucional à Assembléia Nacional”, de modo que Chávez deve ter blefado, para parecer superior.


Em seguida, diz que a vitória da oposição foi uma “vitória de merda” porque desta vez ele não conseguiu fraudar, porque a vitória não foi sua; acusa alguns opositores, nitidamente referindo-se a Baduel, de terem sido cooptados pelo “império” e compara-se, mais uma vez, a Cristo, dizendo que até Ele teve um traidor dentre os seus. Vejam aqui o pronunciamento completo que o Notalatina apresenta com exclusividade, e que o ditador venezuelano finaliza gritando “Pátria, Socialismo ou Morte! Venceremos!”, ao que os militares presentes respondem à saudação. Observem o detalhe da mão direita ferida que aparece nesse vídeo claramente.


Dentre os vídeos recebidos de minhas fontes venezuelanas há este muito grave, apresentado pelo mesmo repórter que entrevistou Ledezma, onde ele apresenta um panfleto demonstrativo de que a fraude estava preparada e a interceptação de uma comunicação via rádio onde Freddy Bernal, aquele que municiou e protegeu o assassino de Puente Laguna no massacre do 11 de abril, dá instruções para desatar a violência na noite e madrugada posterior ao referendum. Aos poucos vão sendo descobertos os detalhes dos crimes que foram planejados para sacramentar mais uma fraude que, graças à intervenção do General Baduel, de quem tenho infinitas reservas mas cujo espírito do verdadeiro Militar fala mais alto, e cuja influência em grande parte das FAN é inegavelmente patente, pela primeira vez estes Militares deram um rotundo NÃO a Chávez e sua insanidade poupando a população de uma guerra civil.


E para culminar, o General de Divisão do Exército, Jesus González González, Chefe do CUFAN e do “Plano República”, entregou seu cargo ao chefe de Estado e solicitou passagem para a reserva. Este general também estava encarregado do Centro de Totalização do CNE e foi um dos que pediram a Chávez que aceitasse com humildade a derrota e falasse ao país. Como se vê, ainda há homens com brio e dignidade dentro das FAN venezuelanas e se houve alguma “vitória pírrica”, esta ficou mesmo com o ditador de Miraflores. Fiquem com Deus e até a próxima!


Comentários: G. Salgueiro

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Eu havia decidido “tirar uma folguinha” hoje, depois da exaustiva semana acompanhando cada passo do movimento pelo referendum da Venezuela ocorrido ontem, mas diante das notícias dos jornais brasileiros e dos comentários e artigos que tenho lido pela Internet, não dá para ficar calada.


Em primeiro lugar, os resultados das pesquisas que os jornais brasileiros divulgaram NÃO correspondiam à realidade vivida e divulgada na Venezuela por jornais de credibilidade incontestáveis, e fico sinceramente me perguntando: onde esses jornalistas tupinikins fabricaram tais resultados? Em segundo lugar, é preciso que se conheça a realidade e as normas eleitorais daquele país para poder se entender - e julgar - a abstenção como arma, e não ficar dizendo tanta estupidez como tenho lido, não apenas em relação a esse referendum mas toda vez que a Venezuela realiza algum sufrágio.


A “pérola” de hoje vem de dona Míriam Leitão, no artigo “Razões e reflexos da derrota de Chávez”, que pode entender de economia (digo “pode” porque eu não entendo nada e por isso não posso julgá-la) mas não sabe NADA do que se passa realmente na Venezuela. E digo isto com a autoridade (sem qualquer modéstia) de quem estuda o Movimento Comunista na América Latina há quase 10 anos e tem fontes de informação sérias, confiáveis e isentas, enquanto que dona Miriam pauta-se pela cartilha comuno-petista dos jornalões tupinikins. Até parece palavra de ordem, pois só os jornais brasileiros, empenhados em desinformar e entortar a cabeça dos leitores com mentiras, divulgaram que o “SIM” tinha a preferência do eleitorado e que a vitória de Chávez era dada como certa.


Bem, ano passado se fez isto também (no Brasil e no mundo, nos jornais de esquerda), anunciando apenas as pesquisas pagas pelos petrodólares chavistas que não refletiam a realidade, e naquela ocasião ele logrou êxito através de uma mega-fraude já fartamente provada, inclusive pelo Notalatina. Desta vez, porém, a situação foi bem diferente e mesmo lá na Venezuela, ninguém se atrevia a dizer que a vitória do “SIM” era certa porque todas as pesquisas diziam o contrário, com uma margem de vitória da oposição em mais de 15%.


Então, o que foi que aconteceu este ano que Chávez perdeu? O pleito foi limpo, sem fraudes? A maioria do povo rejeitava de fato a modificação da Constituição? Dona Miriam afirma, baseada em suas fontes confiabilíssimas, que “Além de todas as bocas de urnas trazerem a vitória de Hugo Chavez, o alto índice de abstenção indicava isso: 50% não tinham ido votar. Os analistas achavam que isso favoreceria Chavez porque quem não ia votar é porque estava desanimado”. É preciso saber, dona Miriam, em primeiro lugar, que o voto não é obrigatório na Venezuela e em segundo, os abstencionistas não são “pessoas desanimadas” mas opositores, que utilizam deste recurso como uma forma de protesto por não querer legitimar uma coisa ilegal e ilegítima. Além disso, se o número de abstenções for superior ao número de votantes, a eleição será anulada. Ademais, não foi permitido a boca de urna, sendo qualificado como “delito eleitoral” e passível de punições judiciais, conforme informei ontem.


Com relação à vitória do resultado REAL e esperado do “NÃO”, não foi porque este ano não se fraudou mas porque surgiram fatos novos que Chávez não esperava, como o movimento estudantil que surgiu em maio em protesto ao fechamento da RCTV (que não guarda NENHUMA semelhança com os “caras-pintadas” tupinikins), e que ganhou a confiança e apoio de boa parte da população; alertas contundentes e com ampla divulgação sobre a fraude que estava sendo montada pelo governo – como das vezes anteriores; pronunciamentos denunciando o crime que era a implantação do modelo comunista, por parte do alto prelado da Igreja Católica e do Gen Baduel, uma força opositora de última hora mas de grande impacto nas FAN; uma vigilância e fiscalização rigorosa por parte da oposição praticamente colada nas 33 mil mesas de votação em todo o país, durante o escrutínio e validação das atas no CNE, conforme pude comprovar durante todo o dia e madrugada de ontem, através da cobertura da televisão e informes de amigos na Venezuela, como nos confirma Alejandro Peña Esclusa nesta nota: A verdadeira “Operação Torquês”.


A vitória foi aceita e divulgada porque não havia como enganar o povo mais uma vez, mas o que estava programado era mesmo a fraude. Para tanto, algumas providências foram tomadas:


1. O CNE emitiu um “Aviso Oficial” que copio textualmente:
“O Conselho Nacional Eleitoral, no uso das atribuições conferidas no artigo 209 da Lei Orgânica do Sufrágio e Participação Política, no marco da celebração do Referendo da Reforma Constitucional de 02 de dezembro de 2007, informa aos representantes dos Blocos em torno das opções do SIM e do NÃO, assim como os representantes dos meios de comunicação social que, de acordo com o previsto nas Normas para Regular o Referendo da Reforma Constitucional, publicado na Gaceta Eleitoral nº 401, fica terminantemente proibido a publicação de pesquisas, estudos ou sondagens de opinião, a partir da segunda-feira 26 de novembro de 2007”. E assina, Tibisay Lucena, Presidenta do Conselho Nacional Eleitoral.


Como se pode ver, desde que a reforma constitucional foi aprovada na Assembléia, criou-se um mecanismo oficial para impedir que a população (e a opinião pública) tomasse conhecimento da preferência, porque todo mundo sabe que as pesquisas da última semana podem modificar o cenário, através da divulgação da mídia que pode manipular para um lado ou para o outro e influenciar os eleitores idecisos.


2. Durante todo o dia, em entrevistas ou coletivas de imprensa, tanto Chávez quanto membros do Governo insistiam em pedir que a “as partes” aceitassem o resultado, fosse ele qual fosse, do mesmo modo como no ano passado porque a “vitória” já estava sacramentada pela mega-fraude;


3. Mais ou menos por volta das 10 h. recebi um informe dando conta de que fora colocado um palanque na frente do Palácio de Miraflores e de que Chávez havia convocado a imprensa para uma coletiva, sendo confirmado pela repórter da CNN que se dirigia para lá, certo que estava da vitória;


4. No referendum do ano passado a votação encerrou-se às 4 da tarde mas estendeu-se até mais ou menos às 5 h., porque fora determinado pelo CNE que as mesas só encerrassem suas atividades quando não houvesse mais pessoas na fila. Em torno de 7 da noite o CNE anunciava a vitória de Chávez, tendo apurado pouco mais de 50% das urnas. Este ano o encerramento foi mais ou menos na mesma hora mas o resultado só foi revelado 1:30 da manhã do dia 03.


Por que a demora? Nenhuma justificativa plausível era dada por parte do CNE, que dizia que tinha havido um acordo com as partes de que só se revelaria o resultado quando 80% ou 90% das urnas estivessem apuradas porque, segundo eles, a disputa estava muito emparelhada. Os líderes da oposição, que SABIAM dos resultados porque estavam acompanhando através das atas, emitiam pronunciamentos exigindo que o CNE informasse ao público por uma questão de respeito ao povo, uma vez que eles estavam proibidos de falar.


Soube através de uma amiga venezuelana, durante este intervalo, que o palanque havia sido retirado do palácio. A demora em fazer o anúncio foi porque não havia como fraudar, com toda a fiscalização da oposição presenciando o escrutínio, e a vitória era mesmo do NÃO. Chávez não aceitava isto e o CNE não tinha como satisfaser os caprichos do “menino voluntarioso”. Então, deu-se um resultado onde a derrota do ditador foi pequena, apertada, pois assim se mascarava um pouco a realidade acachapante de que a maioria absoluta do povo o rejeita e rejeita sua ideologia sinistra e criminosa.


Mas a grande vitória ainda não foi alcançada, pois Chávez tem pela frente 5 anos de mandato e os poderes da Lei Habilitante. Através dessa LH ele pode fazer e desfazer o que lhe der na telha, legalmente, o que é um perigo a partir dessa derrota sofrida ontem, pois não podemos esquecer que Chávez é um psicótico em surto, comunista e com um projeto revolucionário para toda a América Latina. De todo modo, essa vitória serviu como um oásis em meio ao deserto que os venezuelanos estão vivendo.


E ontem também houve eleições em Cuba e na Rússia, onde Putin e seu partido Rússia Unida (RU) sairam vitoriosos, na base da fraude, e das pressões do FSB sobre quem não dança de acordo com a música do Kremlin. E em Cuba, Fidel foi indicado mais uma vez para o cargo de deputado, podendo “concorrer” à Presidência no próximo ano. Como se vê, as ditaduras se servem sem qualquer pudor de um instrumento da democracia, para consolidar sua ditadura. Mas, como o sr. da Silva não feqüentou escola e detesta ler ou estudar, fica apregoando que na Venezuela há excesso de democracia somente porque as pessoas votam. Fiquem com Deus e até a próxima!


Comentários: G. Salgueiro










Após uma espera angustiante, tensa e demoradíssima, às 2:25 AM saiu, finalmente, o resultado do referendo: com 39% de abstenção, 50,70% no Bloco A e 51,05% no Bloco B, o NÃO foi irreversívelmente dado como vitorioso!



O CNE estava repleto de militares e policiais fortemente armados e, creio, a demora em se revelar o resultado, que os dirigentes de partidos políticos sabiam desde às 10 da noite, foi porque o resultado tinha sido contra Chávez e eles não sabiam como dizer, porque a fiscalização foi intensa e acirrada, e não havia um modo de fraudar, de mentir.



Em seguida Chávez fez (está fazendo) um pronunciamento com a voz embargada mas cuido disso amanhã, porque estou exausta. Agora, só quero recolher-me e agradecer a Deus pela graça imensa que Ele nos concedeu à toda a América Latina.



Deus seja louvado! Deus abençoe os venezuelanos e todos os povos de nossa América!



Fiquem com Deus e até a próxima!



Comentários: G. Salgueiro

domingo, 2 de dezembro de 2007



O clima deste domingo na Venezuela é de aparente normalidade, até o momento. As pessoas estão procurando os centros de votação e comportadas pacientemente em enormes filas, aguardam sua vez de fazer papel de bobo. Os canais de televisão, CNN, Globovisión e VTV, não mostram imagens de militares nas ruas ou locais de votação entretanto, segundo informações do Gen Jesús González González (não confundir com Néstor, também general e com o mesmo sobrenome), chefe do “Plano República”, há 100 mil efetivos espalhados por todo o país para gantir a normalidade do pleito. Disse que tudo corre normalmente mas que já havia (às 10 e pouca da manhã) 16 pessoas detidas por “delitos eleitorais” que vão desde rasgar o papelzinho da votação à quebra de máquinas.


Foram entrevistados o Vice-presidente Jorge Rodrigues, Yon Goicoechea, a presidenta do CNE Tibisay Lucena, Manuel Rosalez, ex-candidato à presidência pela oposição ano passado e finalmente, Chávez. Goicoechea acredita que votar é o caminho para mudar os rumos do país e convocou a todos a não se absterem. Jorge Rodrigues e Tibisay falaram o previsível, de que tudo estava ocorrendo dentro da normalidade e que o sistema de voto eletrônico da Venezuela era o mais seguro do mundo. Rodrigues ironizou (ou delirou?), alegando que na Venezuela há mais democracia do que nos Estados Unidos porque há muitos referendos e eleições, e que a vontade popular é satisfeita porque ela participa das decisões do país. Como se as fraudes não existissem.


Odecepcionante foi Rosales afirmar que hoje é um dia de “muita alegria e festa, porque é uma oportunidade que os venezuelanos têm para traçar um caminho para a paz e o diálogo com tranqüilidade”. Como afirmei no ano passado, quando Rosales aceitou sem discussão a mega-fraude que se cometeu contra a vontade do povo COM sua aquiescência, ele não é macho o bastante para lutar pela verdade. Hoje, seu discurso foi quase idêntico ao de Chávez. Que vergonha! Até parece a nossa “oposição”...


Mas Chávez foi um espetáculo à parte. Chegou para votar por volta do meio-dia, acompanhado da filha e dos netos e ao entrar na cabine de votação, benzou-se, blasfemamente, ante de digitar sua opção. Anda cercado de hordas de homens com camisas vermelhas, com ar assustado e cara de mau. Após votar fez um rápido pronunciamento dizendo que aquele era um dia de muita alegria em que as famílias se uniam com o espírito democrático. “Nunca antes na história da Venezuela se fez um referendo, votou tanto, com alegria, com júbilo”, disse, utilizando o bordão do seu amigo Lula.


Afirmou que “vamos aceitar o resultado seja ele qual for, porque estamos construindo uma verdadeira democracia”. Esta frase foi dita também na eleição de dezembro de 2006, porque Chávez SABIA, como SABE hoje, que o resultado será manipulado para garantir que sua vontade seja feita. Afirmou ainda que “isto que estamos vivendo hoje não é para ser copiado pelo resto do mundo mas que sirva de referência” e pediu que “a outra parte aceite os resultados”. O recado é claro. As imagens que vi hoje pareciam um replay do ano pasado, porque a tranqüilidade momentânea, a alegria, as frases de que aceitaria o resultado fosse qual fosse, e o recado para a outra parte também aceitá-lo, foram idênticas às que a televisão mostrou em 3 de dezembro de 2006.


Entretanto, as coisas não estão assim tão calmas e tranqüilas como querem nos fazer crer. Nos bastidores o desrespeito é patente e a fraude se faz de forma dissimulada. Há ainda o “medo” pelo que pode vir depois das 4 da tarde. O jornal El Nuevo Herald de ontem informou que os cubanos residentes na Venezuela através das “missões” receberam aviso de se manterem em estado de alerta e com seus pertences embalados para um possível retirada às pressas do país.


“Temos instruções de ter as mochilas prontas e estar disponíveis para cumprir as orientações da Embaixada [cubana]”, disse um médico que trabalha nos arredores de Caracas. Segundo a fonte, funcionários da embaixada enviaram instruções desde a sexta-feira passada para que se mantivessem “aquartelados”, com a recomendação para não saírem às ruas e ficarem atentos às decisões que se possam tomar “no caso de uma crise interna após o referendo deste domingo”.


Outra anormalidade na aparente tranqüilidade é que, como no ano pasado, o líquido “idelével” que se passa no dedo para apôr a digital no documento de votação, SAI COM ÁGUA SANITÁRIA. Segundo informações da CNN e depois por informantes venezuelanos, havia desde às 3 da manhã pessoas na fila para uma votação que começaria às 6 h. Segundo meus informantes, os que estavam comparecendo antes dos centros de votação abrir eram justamente as milícias chavistas que, depois de lavar o dedo, seguiam para outros centros e votavam duas, três vezes.


Segundo informou a presidenta do CNE, Tibisay Lucena, há cerca de 100 observadores internacionais dos 4 continentes acompanhando a votação mas foi negada ao ex-presidente boliviano Jorge Quiroga a credencial de observador e depois retirada a de “acompanhante” porque ele é opositor do cocalero Morales. Segundo informou Sandra Oblitas, diretora do CNE, Jorge Quiroga foi convidado pelo “bloco do NÃO e deu opiniões políticas muito agressivas contra as instituições do Estado. Por esta razão, o CNE apegado às normas da Constituição, e em respeito à majestade do poder eleitoral e à soberania de nossa pátria, está procedendo a retirar a credencial que lhe foi expedida”. Quiroga denunciou que esta decisão foi tomada horas depois dele se queixar de ter sido credenciado apenas como “acompanhante”, que não lhe permitiam o acesso aos centros de votação. Democracia em excesso é isto: só pode entrar no baile quem pertence ao “clube”, que não é o seu caso, por isto foi barrado.


E em Porto Rico aconteceu uma situação ainda mais democrática. O Cônsul Geral da Venezuela em Porto Rico, José Pérez Jiménez e a Vice-Cônsul Nelly Vargas, acabam de suspender a votação dos venezuelanos residentes nesta ilha. Os votantes levaram cartazes com o NÃO e se postaram na praça em frente ao consulado quando os funcionários decidiram, de forma arbitrária fechar as mesas e suspender as votações até que os manifestantes retirassem os cartazes.


Os venezuelanos estão lançando a denúncia na rede informando que “esta praça é um território americano onde existe SIM liberdade expressão, assim como fazemos notar que os venezuelanos tinham suas manifestações autorizadas pelo governo local. A praça NÃO é território venezuelano, então não se entende a atitude aberrante destes funcionários”. Tudo isto foi filmado pelas televisoras locais e os manifestantes apresentaram provas com vídeos e fotos, de acordo com informe de Gustavo Martines.


E para encerrar este primeiro boletim, antes do encerramento e apurações, acaba de ser divulgado pela CNN que o General Raúl Baduel sofreu um atentado quando dava entrevista no local em que acabara de votar, na cidade de Maracay. Um carro em alta velocidade passou atirando nele que, até onde se sabe, não foi atingido. Aguarda-se sua chegada a Caracas onde dará maiores explicações. Quer dizer, quem teria interesse em eliminar Baduel, a oposição ou Chávez e seus partidários? Não é necessário ser um gênio para saber “quem” anda muito incomodado com a virada de 180° que este general deu, passando a defender publicamente o voto pelo NÃO.


Bem, estas são as primeiras informações de hoje. Há pouco foi divulgado pela CNN que “está proibido TODO TIPO DE MANIFESTAÇÃO DE RUA”, sacramentando, mais uma vez, o excesso de democracia na Venezuela. Logo mais, quando o CNE anunciar o resultado final, faremos outra edição com mais detalhes. Fiquem com Deus e na torcida para que tudo ocorra em paz na Venezuela, embora eu não creia nisso. Este atentado a Baduel é um exemplo disto, infelizmente.


Comentários: G. Salgueiro





Faltam poucas horas para iniciar-se a votação sobre a ilícita reforma constitucional na Venezuela. No início da madrugada deste domingo fatal, posso escrever com calma desde meu posto de observação depois de colher informações durante o dia. O desespero de Chávez é nítido e transpira em cada aparição que faz. Pela CNN em Espanhol acompanho, pela primeira vez, uma cobertura limpa, isenta, bem diferente de dezembro do ano passado, quando consagrou-se a maior fraude da história eleitoral da Venezuela, com as bênçãos do manipulado CNE, da cínica OEA, do cripto-comunista Carter e dos observadores – todos comunistas – que referendaram a farsa criminosa.


Este ano o que se prepara não é nada diferente, pois é público e notório que as máquinas “capta huela” não oferecem a mais mínima garantia exigida para uma votação transparente e correta. Além disso, o próprio CNE convalidou cédulas de pessoas mortas há mais de 100 anos e concedeu o REP (Registro Eleitoral Permanente) a cubanos, etarras e terroristas das FARC, com identidades falsas, conforme denunciamos dias atrás.


Na última manifestação pelo “SIM”, ocorrida na sexta-feira 30 de novembro, Chávez encerrou seu discurso gritando: “Não poderão deter o carro da revolução”, referindo-se à certeza do triunfo de seu projeto, malgrado todas as pesquisas tenham dado a vitória do “NÃO”, com uma margem a favor da oposição de pelo menos 15%. Há alguns dias o site “Aporrea” divulgou um escrito patético e primário como sendo de agentes da CIA para o diretor deste órgão nos Estados Unidos, a Casa Branca e a Secretaria de Estado, intitulado “Operación Tenaza” (Operação Torquês – talvez em alusão a “aperto”), cujo embaixador venezuelano – um sujeito com cara misto de bêbado e débil mental – naquele país afirmava, fechando os olhos e balançando a cabeça como uma lagartixa, que o documento era “autêntico”. A porta-voz da Casa Branca, o diretor da CIA e Condoleezza Rice foram a público negar terem recebido ou conhecido tal documento, a não ser pela imprensa, mas a palavra deles não vale e a mentira passou a ser verdade incontestável perante o sub-mundo comunista.


Na tal Operação Tenaza, estabelece-se um plano para desconhecer a vitória do SIM, patrocinado pela CIA e a “oligarquia” venezuelana, que prometem instalar o caos no país sabotando a indústria petroleira (PDVSA), o fornecimento de energia elétrica e de alimentos. Ora, o desabastecimento de alimentos e gêneros de primeira necessidade já existe há mais de 1 ano promovido pelo próprio governo, onde os supermecados estão repletos de prateleiras vazias, como em Cuba, e a rede “Mercal” (do governo) é constantemente sabotada pelos próprios bolivarianos que até carimbam o braço dos consumidores para que não possam comprar mais de uma vez; qualquer semelhança com as “libretas de racionamiento” cubanas é mesmo cópia.


“Se se ativar a Operação Tenaza não sairá uma gota de petróleo para os Estados Unidos”, vocifera um ainda mais descontrolado Chávez, estendendo depois esta ameaça para o resto do mundo. O chefe do “Comando Zamora”, promotor dos eventos chavistas, afirma que quem vota pelo “SIM” está votando por Chávez e quem vota pelo “NÃO” vota por Bush. Chávez conclamou o povo (suas militâncias, bem entendido) a se manter vigilante até o fim das apurações, e ordenou aos comandos das Forças Armadas a “estarem alertas para frustrar os planos do inimigo”. Na sexta-feira, ao término da campanha, Chávez ordenou ao Ministro da Defesa e aos Comandantes da Armada, Exército, Aviação e Guarda Nacional para juntos elaborarem um plano de proteção dos campos petroleiros e refinarias, temendo que os marines americanos os invadam e saiam correndo com tonéis de petróleo na cabeça. Não pode ser outro, o motivo do medo e, mais uma vez confirma-se, com essas atitudes, o “excesso de democracia” deste regime foragido.


Essa tal “Operação Tenaza” me lembra outra operação que expôs Chávez ao ridículo, perante o mundo inteiro, intitulada “Operação Balboa” que, se os leitores quiserem dar algumas gargalhadas confiram neste artigo que escrevi em 2005 intitulado "Que papelão, 'seu' Chávez!". Não menos patético mas mais astucioso é o morto-vivo assassino-em-chefe do Caribe, Fidel Castro, alertar o mundo para a possíbilidade de um magnicídio neste domingo; este alerta também me remeteu a outra situação bem mais antiga, sobre o presidente comunista do Chile, Salvador Allende.


No livro Cuba Nostra, os segredos de Estado de Fidel Castro, o ex-espião cubano, Juan Vives, conta a verdadeira história do assassinato de Allende, praticado por seu guarda-costas, Patricio de la Guardia, por ordens do próprio abutre velho Fidel. E como comunista sempre acusa os outros daquilo que ele é e faz, cairia como uma luva essa campanha plantada anteriormente contra “El Diablo” Bush, as “operações” da CIA e as “oligarquias” venezuelanas para assassinar o psicopata de Miraflores e depois ele mesmo, Fidel, mandar praticar o crime, considerando-se que a guarda pessoal de Chávez é TODA composta por agentes do G2 cubano. Chávez seria o novo mártir que iria substituir Guevara, como vítima e como herói revolucionário. Trago essas lembranças que a serenidade da madrugada me proporcionam, para que fique registrado e se leve em conta, caso esse 2 de dezembro de 2007 seja realmente o último dia de vida do Chapolim de Miraflores.


E durante todo o domingo o Notalatina vai ficar em plantão permanente, informando sobre o que de fato está se passando no referendum na Venezuela. Fiquem com Deus e até a próxima!


Comentários: G. Salgueiro