segunda-feira, 21 de novembro de 2005


Já faz algum tempo que o Notalatina não apresenta denúncias sobre Cuba, não porque aquela gente oprimida há malditos 46 anos tenha passado a viver como os outros mortais filhos de Deus ou eu os tenha “abandonado”, mas porque a situação na Venezuela tem sido dramática em todos os aspectos da vida política e social, caminhando a galopes rumo ao totalitarismo castro-comunista. E como nós, quer dizer, o governo desta “Terra Brasilis” segue de mãos dadas com o proto-ditador Chávez e o mega-assassino aprodecido em vida Fidel, amparados nas resoluções e deliberações do maldito Foro de São Paulo, penso que é bom informar os leitores de como se constrói uma ditadura comunista em fogo brando. Pelo menos terei minha consciência em paz de que avisei, de que informei sobre aquilo que era DEVER da imprensa, grande e pequena, se não fosse comprometida com a “causa”, nem tivesse o rabo preso no des-governo comunista que ora vivemos.


Além do mais, o que vira notícia aqui são idiotices anti-americanistas como as tais “bases americanas” no Paraguai – Oh! Pecado! Oh! Crime! Oh! Ousadia! – que rapidamente ganham as manchetes dos jornais e amplíssima divulgação pela rede. Nosso perigo real e iminente, como o avanço do Eixo do Mal Latino-americano, este é escarnecido até em setores supostamente encarregados da defesa nacional. Paciência... Fazer o quê com quem é cego por opção, não é?


Mas a edição de hoje é dedicada especialmente a um preso político cubano, o Dr. Oscar Elías Biscet, uma das milhares de vítimas do Abutre do Caribe, cujos “delitos gravíssimos” são defender a liberdade, o respeito ao ser humano em seus direitos mais elementares e o pior: é Cristão!


O Dr. Biscet esteve preso numa condenação de 3 anos que cumpriu integralmente e foi libertado em dezembro de 2004. 13 dias depois, estava novamente nos calabouços infectos e inumanos de um dos quase 300 presídios cubanos, onde permanece até hoje. Quando foi solto em dezembro ele pode fazer uma descrição precisa do que seriam as “celas tapiadas” (na foto ilustrativa, um corredor de várias destas celas no presídio de Combinado del Este, em Cuba), ou seja “solitárias”, sem qualquer tipo de ventilação onde muitas vezes ficou preso.


De posse dessas informações, sua esposa e amigos construíram uma réplica de uma dessas celas que o Notalatina divulga com exclusividade para os seus leitores. Cliquem neste link Tour virtual sobre una celda tapiada cubana (VIDEO) e façam o download. É um vídeo curto, de uns 5 ou 10 minutos apresentado pela esposa do Dr. Biscet, que é imprescindível conhecer para se ter uma idéia do que passam os presos políticos cubanos, dos quais o Dr. Biscet é apenas um, dentre inúmeros outros igualmente inocentes, desconhecidos e sem ter quem reclame por eles.


Mas, antes de assistir essa exibição, leiam o artigo abaixo escrito pela esposa do Dr. Biscet, Elsa Morejón Hernández, um apelo dramático ao mundo pela vida de seu marido maltratado, humilhado, doente sem assistência médica e correndo risco de vida. E enquanto isso ocorre com pessoas pacíficas, inocentes, vítimas apenas da crueldade de um maldito velho tirano, comunista e assassino, o mundo inteiro continua seu ridículo espalhafato contra os terroristas afegãos presos na Base Americana de Guantánamo, na mesma Cuba, na mesma cidade de Guantánamo que vê seus filhos serem imolados sem qualquer justificativa, sem julgamento - alguns há mais de 1 ano presos sem qualquer formalização de culpa -, torturados física e psicologicamente todos os dias, mas que não recebem qualquer atenção de país nenhum em prol de suas vidas.


Amanhã eu volto a falar da Venezuela porque lá, também, a quantidade de pessoas presas (injustamente), assassinadas, desaparecidas, perseguidas (sobretudo jornalistas) ou exiladas, já soma a alarmante cifra de quase 2.000, sem contar com os funcionários da PDVSA demitidos – 22.000! – para dar lugar aos agentes cubanos, e os cento e tanto “pacachitos” vítimas da mentira sórdida deste monstro delinqüente que atende pelo nome de Hugo Chávez Frías.


Oremos, para que Deus não permita atingirmos esses estágios mórbidos aqui no Brasil mas estejamos atentos porque “o preço da liberdade é a eterna vigilância!”. Fiquem com Deus e até a próxima!


***


PIORAM AS CONDIÇÕES DE VIDA DO DR. OSCAR ELÍAS BISCET NA PRISÃO


Lic. Elsa Morejón Hernández – Havana – Em 3 de novembro passado nos apresentamos na prisão de rigor máximo Combinado del Este ante seu diretor, Tenente-Coronel Miguel Azcuy, para uma entrevista previamente solicitada por nossa parte, para conhecer a situação legal de meu esposo Dr. Oscar Elías Biscet na prisão e para informá-lo dos maus tratos a que fomos submetidas durante as três últimas visitas à penitenciária.


Suas respostas foram as seguintes:
1. Oscar Elías Biscet encontra-se em “Fase de Regime Maior Severo – Fase 1”;
2. Suas visitas familiares serão a cada 4 meses, por 2 horas, com dois familiares próximos;
3. Visita conjugal a cada 5 meses por 3 horas;
4. Entrega de asseio pessoal e alimentos a cada 4 meses. 750 gr. aproximadamente.
5. A penitenciária não pode oferecer-lhe os alimentos que ele necessita para suas enfermidade crônicas tais como hipertensão, gastrite crônica e hipercolesterolemia. Cada qual é responsável pela sua saúde e Oscar nega-se a rceber a assistência médica. (Nota: O Dr. Biscet recusa-se a aceitar esse atendimento porque há inúmeros casos de pessoas que receberam tratamento errado, ou, mais criminoso ainda, foram drogadas com narcóticos injetados na veia);
6. Desconhecem o resumo do histórico clínico que foi entregue por nós nas prisões anteriores em que Oscar esteve preso;
7. Desconhecem que a cela onde vive Oscar carece de água com freqüência, pelo qual tem de carregá-la com um balde de celas vizinhas;
8. As visitas que Oscar recebeu a cada 45 dias durante este ano, foram produto de administrações anteriores; agora há “uma nova”
9. Não se vai mais permitir a entrada de alimentos enlatados na cela para evitar as intoxicações alimentares, pela carência de refrigeração;
10. Oscar não receberá nenhum benefício, enquanto não ponha o uniforme de preso.


Não obtivemos respostas sobre o porquê não levam Oscar para tomar sol diariamente, como está estabelecido, e o estão levando somente a cada 8 ou 10 dias. Fazemos constar que os oficiais responsáveis pela área onde esá preso Oscar deveriam informá-lo e aos seus familiares de que desde o mês de agosto sua situação carcerária havia mudado.


Por outro lado, fomos questionadas sobre se estávamos preparadas, pois a situação de Oscar pode piorar. Os familiares abaixo assinantes denunciamos o seguinte:


Em 31 de outubro o Major Joaquín Darías, em um ato de humilhação, jogou na lata do lixo o almoço que levei para meu esposo na visita. Oscar não ingere carne de porco e seus derivados, animais afogados, entre outros alimentos que a penitenciária oferece, por motivo de suas crenças religiosas e porque são altamente prejudiciais à sua saúde, pelo qual mantê-lo neste regime carcerário é atentar contra sua vida, sua segurança, sua dignidade e sua integridade física e psicológica, pois as restrições e condições do mesmo são para pessoas que tenham cometido delitos criminais violentos.


Esta situação é de pleno conhecimento do Conselho de Estado da República de Cuba, do Ministério das Relações Exteriores e da Direção do Ministério do Interior. Foram informados tanto por Oscar quanto por nós, seus familiares, durante o período compreendido entre 2004 até agosto de 2005, tempo durante o qual podemos dizer que foi possível manter uma comunicação e pudemos receber um tratamento aceitável, não sendo assim agora, depois da mudança de administração antes mencionado.


Da última vez que vimos Oscar ele estava muito magro, porém com muita paz espiritual, com um sorriso nos lábios e com seu coração cheio de amor. Refere sentir-se bem, apesar de que está tendo a pressão arterial alta. Sua consciência não o condena, pois exercer o direito à livre associação, à livre expressão, seu direito de reunir-se livremente, opor-se à pena de morte e opinar que deseja para Cuba um sistema de governo democrático não constituem delitos em nenhum país do mundo; são atitudes cívicas e humanistas. Criticar civilizadamente as injustiças e praticar a não-violência é um ato virtuoso porém, por esses motivos foi sancionado a 25 anos de cárcere junto a 75 cubanos. Cabe recordar que anterior a isso, já havia cumprido 3 anos de prisão pelos mesmos motivos, pelo qual em 6 de dezembro cumprirá um total de 6 anos de cárcere.


O governo não tem vontade humana e política de cessar com estes tipos de castigos psicológicos que são proibidos até na própria Constituição Cubana em seu Artigo 58, pelo qual solicitamos a urgente intervenção dos organismos internacionais de direitos humanos, assim como organizações humanitárias e religiosas para poder visitar meu esposo e levar-lhe alimentos e medicação que sua situação de saúde requer.


Oramos a Deus para que toque os corações de muita gente boa no mundo e, por favor, ajudem-me a tirar da miséria humana que impuseram a viver este homem cristão, negro, humilde e pai de 2 filhos, médico de profissão e ativista de direitos humanos que ama a humanidade.


Agradecidos de antemão, Loc. Elsa Morejón Hernández, esposa, Hilda G. González Alvarez, mãe e Luis N. Biscet Cadet, pai.


Comentários e tradução: G. Salgueiro

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