sábado, 21 de dezembro de 2002

Ontem eu divulguei aqui uma declaração maliciosa e infeliz do emissário do presidente Lula à Venezuela, sr. Marco Aurélio Garcia, e não quis tecer nenhum comentário a respeito, pois queria ver a reação da comunidade jornalística venezuelana, diante da afronta da qual fora vítima. Hoje a trago, pela pena do economista e escritor Francisco Alarcón, um lúcido libertário venzuelano que coloca as coisas nos seus devidos lugares. Tivesse o sr. Garcia um pouco que fosse de senso de proporções, faria uma retratação pública. Mas isso já é exigir demais de um petista...



Ainda nessa edição o Notalatina traz mais um artigo sobre a situação venezuelana, indispensável para o leitor brasileiro que queira saber o que de fato está acontecendo bem aqui do nosso lado, uma análise crua e fria de quem está vivendo esse drama na carne, diariamente, sob o domínio do medo mas com muita garra e patriotismo.



PRIMEIRO ERRO DE LULA



Francisco Alarcón



Não sabemos na realidade se o erro coresponde a Lula ou ao seu enviado à Venezuela, o cidadão Aurélio Garcia, que manifestou-se sobre nosso acontecer irresponsavelmente, e em sendo esta apreciação compartilhada, comprometeria o futuro político de Lula. A solidariedade não se dá adiante nem muito menos servilmente. O problema venezuelano deixou de ser enigmático para o resto do mundo, quando existe um Presidente eleito democraticamente, porém que perdeu sua ligitimidade, sua popularidade, por gravíssimos erros que supomos que para qualquer espectador, ao revisar o sistema de Contas Nacionais da ONU, dar-se-á conta de como dilapidou U$ 100.000.000. Lucros enormes obtidos pelo governo chavista e os quais não redundaram em minorar nada em quatro anos, nenhum encargo social; emprego, saúde, obras públicas, nem um político colocado como vestígio de uma gestão decente, contribuindo à maior corrupção em nossa história republicana. A pobreza na Venezuela que já vinha com governos anteriores, floresceu desproporcionalmente com a ascenção de Chávez ao Poder, indivíduo inepto e incapaz de conduzir um governo. Seus quatro anos são uma triste realidade para os venezuelanos, deslegitimado e desprezado pelo povo por seu pertinaz discurso dissociador, grosseiro e ofensivo dirigido a todos, e causador da divisão atual da nação, nunca antes vista nas memórias do século XX, talvez com antecendentes na Venezuela ignara e agreste do século XIX.



Algo insólito e desprezível para o mundo atual, onde as idéias correm de um lugar a outro com a “velocidade da luz” e quando “o populismo e o comunismo” deixaram seus restos com a queda do Muro de Berlim. Este senhor delegado por Lula brindou apoio a priori ao governo ditatorial de Chávez e condenou, também a priori, os meios de comunicação e setores democráticos. Testemunho o que apareceu no Globo News.



É lamentável que a intenção de Lula, que ao menos foi boa em princípio, tenha sido deformada por seu emissário e, desejamos que a comunidade Brasileira não tenha uma versão falseada do contexto Venezuelano através do Sr. Garcia. Por isso, é oportuno um esclarecimento antes de concretizar-se um pronunciamento, que por desconhecimento ou omissão excessiva, serviria de reforço a um governo autoritário e deslegitimado, o qual teme confrontar-se em eleições democráticas com a máxima brevidade possível, tratando de enganar os incautos no âmbito internacional, e que dentro de muito pouco será recordado na América Latina como um acontecer infausto.



Vêde-o ali, amigo Lula, o povo da Venezuela lutando palmo a palmo para recobrar sua liberdade; é uma exortação sincera de um venezuelano.



Francisco Alarcón – Economista-escritor



TUPAMAROS E CARAPAICAS NÃO EXIBIRAM SEU PODER DE FOGO



Rubén Flores Martínez



Uma preocupação me embarga cada vez que assisto às concentrações públicas convocadas pela Coordenadora Democrática e a sociedade civil. Advito que já perdi a conta das marchas, manifestações, trancaços, caçarolaços e ações cívicas nas quais tenho participado com minha família e amigos. Em cada uma delas, o que nos move é o mesmo: a defesa de nossas instituições públicas (sequestradas por este governo) e a renúncia de Hugo Chávez.



Se bem que a parada cívico-nacional encontre-se em sua fase mais conflitiva e decisória, também é certo que apesar das reiteradas violações do estado de direito por parte do Executivo Nacional, os enfrentamentos entre venezuelanos não têm acontecido a maior. E alí tenho minha preocupação e meu instinto jornalístico, o que me leva a pensar que algo raro se está conhecendo do outro lado.



Onde está Lina Ron e sua gente? Que têm feito os grupos violentos que ocupam a esquina quente da Praça Bolívar? Por que não têm atuado os grupos armados da 23 de Janeiro e da La Veja, onde é público e notório que possuem armas subtraídas do Forte Tiuna e da Polícia Metropolitana, para usá-las contra nós? Pois nada, estão esperando o momento propício para atuar.



Um intinerário efetuado, dias atrás, pelas Urbanizações 23 de Janeiro, Propatria, Los Frailes de Catia, Monte Piedad e a Av. Sucre (justo no preciso momento quando se iniciava em Caracas o ruído estrondoso das caçarolas), confirmam minha apreciação de que algo raro se está montando contra nós. Tratode prevenir.



Embora soe duro dizer, é mentira que no Oeste se escutam as caçarolas na medida em que o otimismo democrático quer crer. Em meu intinerário por essas urbanizações quase não as escutei. Observei pouca gente nas sacadas, nas varandas ou embaixo dos edifícios soando as caçarolas ou gritando contra o regime.



Ali se respira a desilusão do regime e a ausência de alguém em quem encarnar a esperança. O que vi e me encheu de assombro, foi a presença de grupos de três até cinco pessoas, paradas em quase todas as esquinas, com grossas jaquetas e gorros (tipo capuz onde só os olhos aparecem),olhando de maneira fixa e desafiante para as sacadas dos edificios e prédios da 23 de Janeiro e Propatria; dispostos a acionar suas armas de fogo (presumo que estavam armados) se alguém ousasse levantar sua voz de protesto contra o regime. Em Cuba, chamam a estes homens Comissários Políticos ou membros do CDR (Comitês de Defesa da Revolução). Há que levar-se em conta que o Oeste está tomado.



Na Av. Sucre de Catia, justo em frente do Parque do Oeste, caíram três venezuelanos feridos por desafiar as regras da “revolução bonita”. Na Campiña, nos salvamos (por milagre) de cair na armadilha preparada por Bernal, Rodríguez Chacín, Barreto e João De Gouveia, que paciente e criminosamente haviam preparado uma emboscada para massacrar-nos, justo em frente da PDVSA. Na Av. Panteón de San Bernardino, também nos esperavam os carniceiros do regime, que igual ao dia 11 de abril, desejam silenciar nossos apitos, desejam que novamente desapareçam de nossos rostos o sorriso que tanto nos custou recuperar depois desses dias azarados que viveu a república, quando um grupo majoritário de venezuelanos marchamos até o Palácio do Governo para solicitar sua renúncia e fomos massacrados. São os mesmos assassinos que ontem impediram que a cidadania mobilizada chegasse de maneira pacífica e ordenada até a Praça “Das Três Graças” para brindar um justo reconhecimento aos valentes venezuelanos da Marinha Mercante.



São os mesmos bandidos que desejam que a bandeira tricolor que com tanto orgulho exibimos nas marchas contra o regime, não continuem tremulando em nossos corações e que a brisa alegre e descontaminada que dá vida a nossos símbolos pátrios se transforme em uma núvem de pólvora e gases tóxicos. Os mesmos que desejam que nossos caminhos se banhem de sangue e morte. Pois não, nós não vamos permitir. Nem um morto mais vamos dar a essa miserável revolução.



Tudo isto me leva à nefasta conclusão de que os Carapaicas e Tupamaros não instruíram seu poder de fogo e contra essa ameaça latente há que se ter cuidado. Celebro à maneira do futebol de ontem entre venezuelanos que demonstraram que apesar das diferenças que nos separam, ninguém nos pode arrebatar o sentimento de irmandade que sempre existiu entre nós, porém é meu dever compartilhar com vocês estas reflexões que, apesar de pessimistas, não deixam de ser válidas na hora de vestir-nos de alegria e tomar as ruas.



Temo que cedo ou tarde vão acionar suas armas de fogo e estou convencido disto, entre outras coisas, porque tanto a FAN, como esses grupos paramilitares denominados “Carapaicas” e “Tupamaros”, têm entre suas fileiras elementos da guerrilha colombiana e milhares de milicianos cubanos, treinados precisamente para cumprir missões especiais como a de reprimir massas ou a de atuar como franco-atiradores. Para eles, a Megamarcha de hoje é sua prova de fogo. Por Deus, vamos com cuidado!



Fonte: www.elgusanodeluz.com



Uma notícia me acaba de chegar, dando conta de que cubanos estão operando os navios petroleiros venezuelanos. Ontem recebi, também, a informação de que Chávez teria pedido ajuda ao presidente FHC, para que enviasse técnicos da Petrobras para realizar a extração do petróleo e depois enviar-lhe os derivados. Chávez também falou com o emissário enviado pelo futuro presidente Lula, o sr. Marco Aurélio Garcia, mas não quis revelar o teor das conversações alegando, apenas, que “foram muito boas para o povo venezuelano”. Pelas declarações desastrosas e irresponsáveis desse senhor, a respeito da imprensa venezuelana, e pelo comportamento inconsequente e despótico do delinquente Chávez, dá para se ter uma idéia dos “planos” que articularam. Abaixo, a nota completa sobre os petroleiros da PDVSA.



ORTEGA: CUBANOS MANEJAM NAVIO DA PDV MARINHA



Caracas – Após anunciar pelo vigésimo primeiro dia consecutivo a extensão da parada cívica, o presidente da Confederação dos Trabalhadores da Venezuela (CTV), Carlos Ortega, rechaçou a mobilização que o governo efetuou no Navio Petroleiro Pilín León supostamente com tripulação cubana.Ortega repudiou o fato de que a ''marinha cubana esteja capitaneando as unidades da frota petroleira venezuelana''. ''Isso demonstra e ratifica frente ao país o que temos denunciado sobre a intervenção direta do governo cubano nos assuntos internos da Venezuela e que nós não vamos permitir sob nenhuma hipótese'', assinalou, enquanto nas telas de televisão observava-se o petroleiro navegando nas águas do Lago de Maracaibo.



Assegurou que esta ''invasão'' de pessoal cubano se extende também à Força Armada Nacional, onde pessoas dessa nacionalidade desempenhariam funções como assessores de altos oficiais.



''Tiraste a careta, derrubaste a máscara; o desespero e a responsabilidade com que este nobre povo tem atuado, te desmascarou; já não podes ocultar ao mundo tua condição de ditador da República Bolivariana da Venezuela'', assinalou.



Depois destas denúncias, Ortega juntamente com o presidente da Fedecâmaras tiveram que sair rapidamente do salão, escoltados por guarda-costas, onde ofereciam uma coletiva à imprensa, após dissipar-se o rumor de uma possível detenção devido à presença de uma patrulha da Disip na entrada do Hotel Eurobuilding.



Para amanhã, domingo, a principal atividade da oposição será procurar os templos para ''orar pela Venezuela''.



Ortega admitiu que as ''estratégias da oposição mudaram radicalmente'' dada as últimas ações do Executivo Nacional. Assinalou que ainda não se considerou a provável marcha até Miraflores.



A OEA está vacilando



Um comunicado emitido hoje pela oposição, deu conta do rechaço produzido pela desasistência da delegação do governo à Mesa de Negociação tutelada pelo Secretário Geral da Organização dos Estados Americanos, César Gaviria.



''Isto se chama irresponsabilidade, vacilo'', assinalou, após qualificar como uma ''falta de respeito'' ao trabalho de Gaviria, sobre a decisão dos oficialistas de não trabalharem nessa instância até a próxima segunda-feira.



Fonte: La Voz de Cuba Libre – www.lavozdecubalibre.com



sexta-feira, 20 de dezembro de 2002

O Notalatina traz mais informações sobre a dramática situação da Venezuela, hoje um pouco mais longo do que o normal, considerando o volume de notícias que me chegam dos correspondentes daquele país vizinho. Curiosamente, os canais de televisão e jornais brasileiros nada informam, parecendo não dar-se conta da gravidade do que ocorre com nossos irmãos aqui do lado. O governo venezuelano já deu ordens às Forças Armadas para que sejam retirados os sinais das emissoras de rádio e televisão que não retransmitirem notícias favoráveis a Chávez. Há um projeto meticulosamente elaborado para este fim e já deve estar sendo posto em prática nos próximos dias. Não sei se a imprensa brasileira sabe disso e acautela-se, ou se é mesmo por descaso e conivência com o presidente daquele país, que tem feito um silêncio tão eloquente em torno do assunto.



É nítido o desespero de Chávez porque sabe que perdeu mas não quer render-se aos fatos. Apoia-se no seu mentor Fidel Castro que, por sua vez, estimula e orienta seu pupilo a manter acesa a chama do ódio e da violência. Fidel não quer ver Chávez fora do poder, porque depende do petróleo venezuelano que recebe em troca do treinamento e adestramento das “milícias bolivarianas”.



Enquanto isso, o presidente eleito, Sr. da Silva, enviou ontem um emissário de seu futuro governo à Venezuela, mesmo antes de ser empossado, com a intenção de inteirar-se da situação e “colaborar” nas negociações para resolver o conflito. O enviado foi Marco Aurélio Garcia, assessor da presidência para Assuntos Internacionais. Em declarações ao jornal La Nacion de Caracas, Garcia foi diplomático com relação ao governo de FHC, afirmando apenas que “Pode haver uma mudança de estilo, embora saibamos que as relações de Chávez com Cardoso são boas. Porém não é o momento de fazer críticas à forma com que a diplomacia deste governo tratou a Venezuela, inclusive porque não teríamos nada importante para criticar.” Disse ainda que o presidente Lula tomou a decisão após uma conversa por telefone com Chávez, de quem é amigo e que, independente disso, ”Tem que haver respeito por um governo constitucional eleito, e vamos oferecer tudo o que o presidente Chávez julgar que for necessário”. Vale lembrar aqui que tanto o presidente Chávez, quanto o presidente Lula são membros participantes do Foro de São Paulo. Ficou, entretanto uma dúvida, e vou aguardar a opinião dos jornalistas e amigos correspondentes venezuelanos, acerca de uma declaração muito estranha do emissário brasileiro, sobre a situação da imprensa daquele país, quando ele declara: ”Nós não estamos aderindo a uma pessoa mas a um governo constitucional. Sei que pode haver excessos populares. Porém o comportamento da imprensa venezuelana... Dizem que a imprensa venezuelana transformou-se num partido político”. Não precisa de muito esforço mental para entender aonde ele quis chegar, mas, ainda assim vou aguardar o parecer dos venezuelanos.



Hoje além dos informativos, há um artigo muito interessante de Alfredo Anzola Méndez que vale a pena ser lido.



A GREVE CONTRA CHÁVEZ COMPLETOU 17 DIAS

A oposição voltou a paralizar Caracas

Pela segunda vez em uma semana, houve bloqueio à passagem das principais autopistas e ruas da cidade; houve incidentes isolados.

O Governo advertiu que não permitirá que as marchas cheguem até a sede presidencial.



CARACAS – Pela segunda vez em menos de uma semana a oposição bloqueou ontem as autopistas e avenidas da capital venezuelana para pressionar a renúncia do presidente Hugo Chávez, enquanto a greve que paraliza a vital indústria petroleira entrou em sua décima sétima jornada; vários países europeus exortaram seus cidadãos a não viajarem para a Venezuela.



Desde às 6 da manhã e até o meio-dia de ontem, milhares de adversários de Chávez colocaram veículos, peneumáticos encendiados e pedras nas autopistas, tal como sucedeu há três dias com o primeiro “trancaço”.



Em vários pontos da cidade houve princípio de enfrentamentos entre opositores do mandatário e seus seguidores, que tentavam retomar as vias de acesso para brí-las, enquanto em duas avenidas próximas ao centro de Caracas os manifestantes foram dispersados por policiais com bombas lacrimogênias e balas de borracha.



Não obstante, na autopista Francisco Fajardo, a principal de Caracas, os grupos enfrentados encontraram uma maneira de resolver seu conflito: armaram uma barra de futebol que serviu para aliviar a tensão reinante que ameaçava com um desenlace violento.



O Ministro do Interior, Diosdado Cabello, criticou o “trancaço” alegando que violentava direitos civis como o da livre circulação, e advertiu que o governo se reserva o poder de atuar para preservar a calma nas proximas horas.



”Grande tomada” da capital



A oposição já anunciou uma “grande tomada de Caracas" para estes dias, e não descarta incluir uma marcha que chegue até o palácio presidencial de Miraflores.



Neste sentido, Cabello sentenciou que impedirá qualquer tentativa de desviar as marchas opositoras até a sede governamental, como ocorreu terça-feira.



”O palácio é uma área de segurança, em nenhum lugar do mundo se aceita que uma marcha opositora chegue ao palácio do governo”, declarou o ministro, um dos homens fortes do governo e próximo a Chávez.



No entanto, as chancelarias da Grã Bretanha, Alemanha e Hungria emitiram ontem vários comunicados em que aconselham aos cidadãos de seus respectivos países que não viagem à Venezuela. “Não temos notícias de ameaças específicas, porém a atmosfera política em Caracas e em outras cidades é muito tensa”, lê-se em um comunicado da chacelaria britânica.



A chancelaria de Relações Exteriores da Grã Bretanha geralmente não emite esses alertas, porém, foi muito criticada quando não advertiu seus cidadãos sobre o perigo de visitar Bali, na Indonésia, antes dos devastadores atentados de outubro, em que pese possuir informação da inteligência sobre possíveis ataques.



Por seu turno, o Ministério do Exterior alemão recomendou a seus cidadãos que não viagem à Venezuela “a menos que seja estritamente necessário”, enquanto que o ministério húngaro precisou: “Os que não possam adiar sua viagem à Venezuela, devem contactar imediatamente nosso consulado em Carcas”.



O governo venezuelano admitiu ontem a queda “em um terço” de seus níveis de produção petroleira, enquanto faz tentativas desesperadas para reativar a indústria com pessoal não qualificado e toma medidas para o racionamento de nafta nas transbordadas estações de serviço do país. “Conseguiram abater a produção até um terço dos níveis que havíamos alcançado e pretendem paralizar totalmente”, disse o presidente da estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA), Alí Rodríguez, aludindo aos gerentes petroleiros que se uniram à parada.



Até agora, a greve causou a redução da produção do petróleo bruto de quase 3 milhões de barrís diários a menos de 400.000 barrís, o que ocasiona perdas de 40 milhões de dólares por dia.



Fonte: EFE, AP, AFP e ANSA. Diário “La Nacion”



PERU ADVOGA PELO DIÁLOGO E A CONCILIAÇÃO NA VENEZUELA



O Peru considera que a “única via” para que a Venezuela solucione sua grave crise política “é o diálogo e a conciliação”, disse hoje o ministro peruano de Relações Exteriores, Allan Wagner. Da Argentina, onde conclui uma visita oficial, o chanceler destacou que o Peru liderou junto a outros quatro países “uma iniciativa diplomática no marco” da OEA, para respaldar a democracia venezuelana.



”A única via é o diálogo e a conciliação. Não há outra forma de afiançar a democracia em um país”, afirmou. Wagner disse que o Peru promoveu junto a Argentina, Bolívia, Canadá e Costa Rica a aprovação de uma resolução do Conselho Pemanente da OEA sobre a situação na Venezuela, onde a oposição reclama do presidente Hugo Chávez e a convocatória a eleições.



O objetivo “é fortalecer a mesa de diálogo que preside” o secretário geral da OEA, César Gaviria, que encontra-se em Caracas, “para alcançar uma solução pacífica, democrática, constitucional e eleitoral à crise venezuelana”.



”As fórmulas concretas de solução têm que ser analisadas pelos próprios venezuelanos. Não corresponde a um país amigo, que respeita a soberania venezuelana, adiantar um juízo sobre qual é a solução que eles devem encontrar”, esclareceu. Wagner assinalou que está certo de que “há um leque de possibilidades que estão considerando e esse é precisamente o trabalho facilitador de Gaviria na mesa de diálogo e conciliação que está em marcha” na Venezuela.



Fonte: El Nacional



DEMASIADO EGOÍSTAS



Parecerá que nós merecemos Chávez. Além disso, por longo tempo mais. É insólito que enquanto tantos venezuelanos da PDVSA, da indústria, das franquias, do comércio e de tantas outras áreas da vida nacional arrisquem suas empresas, seus postos de trabalho e que muitos deles arrisquem o todo pelo todo – já que até a vida vários lhe têm dado – para derrotar este regime fascista, autoritário e autocrático criador de ódios divisores, é incrível que, todavia, venezuelanos privilegiados economicamente, os quais com seus respectivos graus de culpabilidade do que hoje nos passa – no menor dos casos, culpados por omissão –, lhes resvale o sacrifício natalino de tantos outros e assumam para eles esta época como se tudo estivesse normal. Olimpicamente se vão de caracas em férias, muitos de viagem ao exterior somente para desfrutar a liberar-se deste pesadelo em um grotesco e imenso ato de superior egoísmo patriótico e insensibilidade solidária.



O que está se passando na Venezuela não é uma brincadeira. É a crise mais grave que no plano político e libertário se tenha estabelecido nas últimas décadas. É uma crise que está destruindo os alicerces de nossa natureza fraternal e tradição generosa do venezuelano. Nem sequer é uma crise onde o componente ideológico tenha um piso de sustentação compatível com os lineamentos de nossa história. É uma crise onde um presidente quer, por razões autocráticas que justifica com uma salada de idéias e referências históricas torcidas, escravizar-nos a todos. Individualmente a cada um de nós venezuelanos alvejamos com seus epítetos, com suas classificações e desqualificações, com suas ameaças militares e de seus círculos do terror. Além disso, de escravizar também aos poderes institucionais republicanos como o legislativo e o judiciário. Que raios têm, senhor presidente, ordenar o desacato do ditamem de um Juíz ou de um Procurador da República? O senhor já tragou o Defensor Público, o Controlador e o Fiscal. As palavras deste último na segunda-feira, até agora, são só isso: palavras. Queremos fatos Fiscal, e o senhor tem brilhado por não contribuir com nem um só. Porém, tragar-nos a todos os venezuelanos, Presidente, aposto que não vai!



Esta luta é de todos. Dos adultos, das mães e dos pais. Dos profissionais e dos trabalhadores. Porém é sobretudo dos jovens. Dos universitários, porque deles será a Venezuela de amanhã. O exemplo do Embaixador Fernando Gerbasi ao renunciar é bom, algo sacrifica. E o de Marcel Granier na noite de segunda-feira, enfrentando diretamente a Chávez na televisão sem capuz nem disfarces com a realidade de seus feitos e o propósito de seus objetivos, é exemplo de máxima demonstração de inteireza e valor. Exemplo que devem seguir nossos jovens. Lembrem de José Félix Ribas. Averiguem quem era. Como disse um amigo cubano: se em Cuba houvesse venezuelanos, Fidel não estaria mandando. Por isso a Pátria necessita de todos: aqui e agora.



Alfredo Anzola Méndez



terça-feira, 17 de dezembro de 2002

Ontem, infelizmente, não foi possível editar o Notalatina mas hoje trazemos uma análise interessante sobre a situação venezuelana, pela pena de William Butler Salazar, enviado por uma correspondente, que sintetiza tudo que vem ocorrendo por lá. Apesar de ter sido escrita no passado dia 09, continua atual porque nada mudou, desde então. Ele faz sérias e graves denúncias, mas com um certo amargor, como quem já cansou de lutar. Graças a Deus não é essa a postura da grande maioria dos opositores que continuam suas gestões, com a mesma garra e coragem de quando começaram.



Há ainda uma matéria do El Nuevo Herald muito chocante, sobre os adolescentes que são recrutados por paramilitares não identificados, mas provavelmente, pela descrição dada, às Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC). Nessa matéria eles revelam o requinte de barbarismo e crueldade no “treinamento” que lhes é imposto, por esses sanguinários terroristas que falam, ironicamente, “em nome da paz”.



A GUERRA CIVIL VENEZUELANA EM SEU PONTO CRÍTICO



Por William Butler Salazar



A desobediência civil por parte de todos os setores da Venezuela aumenta diariamente. A paralização dos centros de trabalho, anunciada pelo diretor deles, Ortega, é quase total. A produção do petróleo caiu dramaticamante durante o mês de novembro. Os embarques de petróleo e minerais pelo rio Orinoco estão quase a zero. Abastecimento de comida, água potável e gasolina diminuem. As usinas geradoras de energia elétrica têm armazenamento para 14 a 30 dias de operação. Os mortos e feridos aumentam. O presidente Chávez não tem intenções de diminuir o poder. O momento final da crise se aproxima.



Carlos Ortega, presidente da Confederação dos Trabalhadores Venezuelanos, com uma paciência e sabedoria meritórias, consciente de que seus contrários são criminosos fortemente armados, os quais têm demonstrado sua vontade de assassinar inocentes desarmados, utilizou esses últimos meses para organizar a oposição por parte do único grupo que tem capacidade de confrontar-se com o regime de Chávez. Convenceu os seus associados a unirem-se em uma parada total da indústria venezuelana. Seguro de que manifestações pela parte trabalhadora poderia trazer um banho de sangue, solicitou a estes que ficassem em suas casas. A prioridade de Ortega é promover no país uma parada total e a entrada de dólares reduzida a zero.



O presidente Chávez e seu governo de matadores não entregarão o poder. Como revolução, o que ocorre na Venezuela é um fenômeno. Os rebeldes, e quero dizer os rebeldes de verdade, as FARC colombianas, as milícias cubanas e os militantes dos Círculos Bolivarianos, de forma não tradicional, todos respaldam o governo no poder. Estes grupos estão fortemente armados, igual a James Bond; foram licenciados para matar. Seu objetivo é manter Chávez no poder, custe o que custar.



O team Castro/Chávez/CNN unir-se-ão de novo para desenvolver este novo drama, até que se encerre com um saborzinho bem ao gosto dos países irmãos simpatizantes. Fatos serão distorcidos igualmente ao que houve no suposto “Golpe” de 11 de abril. Sem exceção, a imprensa mundial continua expondo a tese absurda de que o Exército derrubou Chávez durante esses dois dias de abril. Mentira total e absurda. Chávez saiu do seu gabinete acompanhado de dois militares, associados intimamente a ele. Enquanto Chávez descansava no Fuerte Tiuna e na Ilha Orchila, o governo identificou com detalhe a oposição. Ao voltar, eliminou todos do processo opositor sem um disparo. Ortega, com um sexto sentido incrível, se havia distanciado desta farsa a tempo.



A oposição continua hoje armada unicamente com suas caçarolas. Trinta pessoas, destas, quatorze mulheres, receberam tiros no dia 6 em Carcacas. Os acusados como autores deste crime são ajudantes do prefeito chavista. Na medida em que as paradas trabalhistas reduzirem o controle de Chávez sobre a situação no país que governa, não lhe restará outro remédio que promulgar a Lei Marcial. O Exército cumprirá suas ordens ao pé da letra. A oposição, incapaz de defender-se sem armas, se encontrará em um beco sem saída. As Forças Armadas foram guilhotinadas desde o General mais alto, ao soldado mais raso. Todo alto oficial não considerado revolucionário foi despedido. Oficiais de grau baixo, não pertencentes ao grupo revolucionário de Chávez, foram redistribuídos. Durante os últimos dois anos, novos inscritos foram doutrinados por instrutores cubanos.



O secretário da OEA, César Gaviria, ganhou o primeiro prêmio do bobo da corte quando declarou, durante sua recente visita à Venezuela, que não se atrevia a fazer frente a Chávez porque “não podia tolerar suas gritarias e alterações”. Hoje em dia, a OEA está a ponto de converter-se em cúmplice de Chávez. O presidente Toledo, do Peru, novo amigo de Hugo Chávez, solicitará à OEA a imposição do artigo 17 de sua constituição, o qual permite a uma nação solicitar ajuda de fora, se considera que não pode continuar “exercendo o poder de forma legítima”. Aprovada a resolução, chegarão voando as Forças Armadas cubanas. Os grupos revolucionários já estabelecidos no país receberão legitimidade. Uma análise do voto na OEA identificará de perto os afiliados ao Foro de São Paulo, inimigos declarados dos países democráticos da América.



Otto Reich, sub-secretário de Estado para assuntos latino americanos dos Estados Unidos*, seguiu a problemática da Venezuela de perto conjuntamente com seu embaixador em Caracas, Charles Shapiro. Têm as mãos atadas. Neste momento, qualquer interferência por parte dos Estados Unidos nos assuntos internos da Venezuela contra seu governo legítimo, traria um rebote político fatal para a administração Bush.



Agentes de inteligência cubanos já têm identificada a maioria dos opositores. O mesmo plano que Castro utilizou, antes da invasão da Baía dos Porcos, está preparado. Tão logo dêem a ordem, que mais provavelmente virá de Havana, as tropas de Chávez prenderão a oposição, igual como foi em Cuba, durante abril de 1961, dias antes da invasão da Baía dos Porcos. Quando as prisões não aguentarem nem um a mais, encherão todos os lugares públicos, como cinemas, com detidos. Todo homem entre 18 e 50 anos, não declarado em favor da revolução bolivariana, perderá sua liberdade. Uma vez terminada a crise estes serão soltos, porém, fichados.



A oposição na Venezuela, armada de caçarolas, ficará neutralizada. Todo aquele que desejar sair do país, lhe será permitido. Uma vez que conclua a conquista da oposição, o país sairá com ímpeto com pessoal importado de países pertencentes ao Foro de São Paulo: cubanos, brasileiros, peruanos, equatorianos e todo simpatizante esquerdista. Aqueles trabalhadores venezuelanos sem saída, quer dizer, as pessoas fichadas como da oposição porém sem possibilidade de mobilizar-se para o exterior, ficarão como escravos do estado bolivariano



Com o tempo a produção voltará e o país começará a funcionar de novo. Chávez terá controle total, igualmente a Fidel, e ao povo não restará outro remédio a não ser, tragar seu novo déspota. A revolução bolivariana terá realizado seu objetivo. Um povo a mais se converterá em escravo de outro líder malvado.



Em forma dolorosa os cidadãos pagarão pelos pecados de seus ancestrais, que não cuidaram das riquezas e das belezas que lhes repartiu o Senhor.



William Butler Salazar é engenheiro, autor e navegante.



* Quando o autor escreveu esse artigo, Otto Reich ainda não havia sido deposto do seu cargo.



MENINOS REVELAM AS ATROCIDADES DA GUERRA



Agência France Press – Bogotá



Os testemunhos de 13 menores que fizeram parte de um grupo paramilitar de extrema direita na Colômbia, evidenciam a crueldade com que são treinados estes meninos combatentes, em especial para acostumá-los à morte, segundo um dramático informe publicado ontem pelo diário El Tiempo.



”A mim me deram uma mão de (o cadáver de ) um homem, para que me acostumasse ao cheiro da morte. Me cumpria carregá-la no bornal até que apodrecesse”, assinalou um dos menores de 17 anos, dos que foram entregues por paramilitares às autoridades, como gesto de boa vontade a um eventual processo de paz.



Outro menor, da mesma idade, assinalou que viu vários de seus companheiros morrerem em combate. ”Isso faz a pessoa mais forte e o faz treinar mais para vingá-los”, disse. Recordou que o lema dentro do seu grupo era: ” o treinamento deve ser duro para que a guerra seja um descanço”.



Também disse que tinha aulas onde os doutrinavam: ”Autodefesas são um grupo político, anti-subversivo, que busca a paz do país. As autodefesas não matam gente inocente; só guerrilheiros”, lhes diziam.



Segundo testemunho de outro dos menores, uma vez como castigo lhe coube esquartejar um companheiro que havia morrido: “Me tremiam as pernas e as mãos. Nessa noite me banhei mais de uma vez, porém não podia livrar-me do cheiro do sangue”.



Os menores foram acolhidos pela estatal Instituto Colombiano de Bem-estar Familiar (ICBF), entidade encarregada da situação da infância na Colômbia.



Na sede do ICBF, estes menores que saíram dos paramilitares unem-se a outros que desertaram da guerrilha e que foram seus inimigos por algum momento. O diário entrevistou igualmente a uma jovem, próxima de completar os 18 anos, que pertenceu às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia(FARC).



Fonte: El Nuevo Herald



domingo, 15 de dezembro de 2002

Hoje eu estava com várias notícias de Cuba para informar, acerca dos presos de consciência, mas uma correspondência vinda da Venezuela vai ocupar, sozinha, todo o espaço da edição de hoje.



Trata-se de uma carta preciosa, porque informa aquilo que a imprensa jamais revela ao mundo, escrita por um psicanalista venezuelano de reconhecido prestígio e seriedade profissional, o Dr. Rómulo Lander. Enquanto leio a mensagem, constato muitas coisas das quais suspeitava mas não tinha como confirmar, pois apesar de pesquisar exaustivamente em vários jornais e através do canal de televisão CNN (espanhol), NADA, rigorosamente nada do que se passa de concreto nos bastidores dessa calamitosa situação é reportado, nem como uma discreta nota de rodapé.



Fica a certeza, após ler a carta, de que a população (sobretudo de fora da Venezuela) continua sendo enganada e manipulada a crer naquilo que é do interesse da “inteligentzia”. À semelhança do que ocorre em Cuba, muitas das práticas adotadas pelo regime do nefasto ditador comunista já são realidade na Venezuela, como os tais “tribunais populares”. Vieram ainda, em anexo, declarações de Sociedades Psicanalíticas, Psiquiátricas e de Escritores venezuelanos, que infelizmente não vou poder publicar hoje. Mas a carta do referido Dr. Lander já é suficientemente contundente e reveladora, para nos saciar a sede de informações sobre a real situação vivida por nossos irmãos venezuelanos.



Caracas, 14 de dezembro de 2002 – 11:00 AM



Na sexta-feira dez de dezembro, enviei a meus amigos e conhecidos do mundo psicanalítico uma reportagem pessoal atualizada, da grave situação em que se encontra a nação venezuelana. Me motivou a fazer isto, a seguinte situação: A imprensa e as notícias televisivas do estrangeiro não reportavam, ou reportavam insuficientemente, ou distorcidamente, o que considero ser uma terrível realidade na Venezuela. Se o mundo conhece a versão difundida pelas agências nacionais afins com o governo, é justo e saudável, ao menos estar informado da outra versão. Muitos intelectuais de diversos gêneros, preocupados por este ponto, nos reunimos e ante este visível estado de desinformação, decidimos difundir a outra realidade ao mundo, tal como a estamos vivendo.



É natural que outros analistas pensem de uma maneira diferente da minha. Para mim e para muitos colegas psicanalistas da Venezuela, de distintas escolas e filiações psicanalíticas, estamos convencidos de que esta luta é pela sobrevivência das liberdades cívicas e democráticas. A todos eles os encontro nas marchas diárias pela liberdade.



Afirmei que o Chavismo trata de impôr um regime castro-comunista na Venezuela. Está muito além do meu propósito dar-lhes argumentos irrefutáveis. Não sou um homem de direita. Sempre me considerei e me considero de centro-esquerda, preocupado e sensível às dificuldades do povo humilde. Nunca fui ativista político. Uma coisa é um governo democrático de esquerda e outra coisa é um regime totalitário, seja de extrema direita ou de extrema esquerda, aos quais repudio. Poderia ficar calado com a informação que tenho como cidadão comum, que vive em um país em crise. A hora chama a não mais calar-me. Estamos a beira de uma guerra civil. Utilizando somente o que se vê no canal do Estado e em notícias locais, posso dizer-lhes o seguinte: O presidente refere-se constantemente a seu governo como o processo revolucionário. Sua saudação a seus partidários é um gesto de levantar as mãos e golpear os punhos, uma e outra vez, incitando a violência em nome da revolução e com o grito de acabar com a oligarquia. Seus partidários vestem camisetas de Fidel e Che Guevara. Seus encontros televisados mostram os auditórios cheios de cartazes pró-Fidel e com enormes fotos de Che Guavara nas paredes. O Presidente visita com muita frequência (duas ou três vezes ao mês) Fidel Castro, em uma hora e trinta minutos de vôo desde Caracas. Seis mil milicianos cubanos já estão na Venezuela. O Comitê Tático da Revolução (segundo aparece no canal do Estado e na imprensa) inclui dois importantes membros do Partido Comunista venezuelano. A guarda pessoal do Presidente não está formada por militares venezuelanos. Vários meses atrás instalaram-se tribunais populares nas praças, para julgar e sentenciar (em ausência), e pela televisão (do Estado) os que eles consideravam contra-revolucionários. Alí foram sentenciados militares, jornalistas, canais de televisão e de rádio, jornais, intelectuais e políticos. Logo apareceram as listas dos objetivos militares da revolução. Os nomes das pessoas marcadas, como objetivos militares. Os nomes das instituições informativas marcadas como objetivos militares. Hoje em dia alguns repórteres de televisão ao iniciar seu trabalho, identificam-se como marcados nas listas. Estes tribunais foram suspensos pelo mesmo regime. Chávez, tal e qual Fidel, defendeu publicamente (com cartas e documentos) o terrorista internacional conhecido como o Chacal. Segundo o Embaixador (destituído) da Venezuela, em Paris, Chávez pagava com dinheiro do Estado a defesa legal do Chacal. Há vários meses, Freddy Bernal (lugar-tenente civil) de Chávez, foi descoberto acidentalmente no Iraque, comprando armas clandestinas para as milícias da revolução. Isto foi notícia internacional. A estratégia da revolução desenhou um sistema celular paramilitar em todas as cidades e povoados chamados “círculos bolivarianos”. Estes círculos estão armados pelo governo. Tanto assim, que em sua visita de abril, a OEA pediu a Chávez que desarmasse os Círculos, coisa que foi ignorada. O escritório central destes círculos encontra-se no Palácio do Governo. Isso pode ser visto na página Web dos círculos bolivarianos, cujo endereço de seu escritório central está no Palácio de Miraflores (do governo). Seu chefe máximo (segundo aparece na página) é o Ministro do Interior e Justiça, Diosdado Cabello.



Sinto-me envergonhado de ter que dizer-lhes tudo isto. É minha pátria e me doi. Hoje é sábado, 14 de dezembro; em uma hora estarei marchando de novo nas ruas. Não sei se em dois ou três dias teremos uma guerra civil. Não vejo que nenhuma das duas partes em conflito tenha a possibilidade real de retroceder. Para ambos os lados a sorte está lançada. A parada total do setor petroleiro põe o governo contra a parede. E cedo ou tarde terá que estourar. A oposição não tem nenhum poder de fogo, todavia está cerceada e não tem volta atrás (atrás está o cárcere e o exílio). O mais grave é que já não é somente Chávez, agora; tudo está nas mãos do Comitê Tático da Revolução. Para ambos os lados, não vejo que haja espaço político para retroceder.



Meu desejo é que ao menos vocês conheçam o outro lado da notícia. Não digo que eu tenha a verdade, é só a outra face da situação, a outra face do que vocês vêem todos os dias na imprensa. Se me preocupo tanto pela causa de Freud, como não vou preocupar-me com o que está ocorrendo em meu País?



Saudações de um colega em dificuldades,

Rómulo Lander