sexta-feira, 1 de novembro de 2002

Por problemas de ordem técnica, a edição do Notalatina de ontem está sendo publicada agora, dia 01 de novembro. A edição de hoje sairá (espero) logo mais à noite.



O Notalatina traz mais denúncias sobre Cuba, uma das quais, revela a mentira acerca da não obrigatoriedade do voto. Tudo é falso: a eleição, os candidatos e a opção de votar ou não.



Outra denúncia é sobre a mentira com relação à saúde. Ontem denunciamos a precariedade inconcebível dos hospitais que servem a população cubana comum e hoje, damos o exemplos através de casos comprovados. Mostramos ainda, nessa edição, como a Ilha trata seus cidadãos, proibindo-os o acesso a determinados lugares, para “não chocar os turistas” com a fealdade da miséria em que vive seu povo.



VOTAR OU SER DEMITIDO



Rafael Ferro Salas, Grupo de Trabalho Decoro – Pinar del Río, outubro (www.cubanet.org)



Eleições em Cuba. Começa o circo. Levanta-se a empanada. Quem exerce o voto nas convocadas e cacarejadas eleições? Quem são os candidatos propostos nessas eleições oficiais? Cada cubano sabe a resposta. Cada cubano sabe a quê se arrisca, se não vota. O clamor popular expõe as respostas: a estas eleições foram os obrigados de sempre. Os temerosos de perder dádivas e privilégios outorgados pelos que mandam na Ilha. Quem são os chamados “identificados com o regime”? Se incluem na lista os seletos trabalhadores de corporações e tendas “dolarizadas”. Foram às urnas. Sabiam o que perdiam se não o fizessem. Foram às urnas os dirigentes de dupla moral, os acomodados de sempre, os chamados a fustigar os que se negam à farsa convocada. Acudiram às urnas os obrigados, os que representam como povo os habitantes do segundo país com maior população desnutrida (segundo informe recente da FAO).



Por que foram às urnas os homens e as mulheres do povo? Foram temerosos de perder os empregos pouco remunerados que têm. Estes desnutridos com medo de perder o pouco dinheiro que ganham e deixam nos mercados estatais em umas poucas compras.



Exerceram o voto no quarteirão, os possuidores de algum ou outro negócio privado, advertidos de antemão sobre o que podem perder ou deixar de ganhar se não votarem. Interminável seria a lista na intenção de mostrar um reflexo da realidade vivida. Em resumo, às eleições do domingo acudiu como votante a dupla moral. De um lado, os cubanos que apenas sobrevivem. Do outro, os sugadores do suor público, metidos em seus gabinetes refrigerados, rodando pelas ruas em automóveis de último modelo.

Quem eram os candidatos nessas eleições? Os desconhecidos de sempre. Os oficialistas eleitos, os militantes que integram o mesmo comparsa de duas caras. Os que não resolveram nada por temor de perder os privilégios. Os que não viram nem verão nunca, os rostos de seus obrigados eleitores.



Eleições cubanas. Início do grande circo. Levanta-se a empanada. Não foi um domingo como outro qualquer. Rondou o medo nas ruas. Os que marcaram a cruz, a refletiram também em sua existência encurralada. Uma farsa que o mundo deve conhecer. Um distintivo de grilete: votar, ou ser demitido.



HOSPITAL MUNICIPAL DE SAGUA DE TÁNAMO SEM FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS



HOLGUÍN, 29 de outubro (Juan Carlos Garcell, APLO – www.cubanet.org) – Os especialistas do Hospital Municipal de Sagua de Tánamo “Juan Paz Camelo”, localizado na província Holguín, não recebem algodão nem papel para operar o aparelho de fazer eletrocardiogramas. Em uma jovem de 15 anos que fraturou um dos ossos de um pé, em 24 de outubro, não puderam reduzir-lhe a fratura, nem imobilizar-lhe a extremidade com gesso, até que seu pai tivesse trazido a quantidade de algodão que se colca antes de pôr o gesso. O homem teve que sair e conseguir o algodão por seus próprios meios, embora não tenha revelado onde nem como conseguiu. Por temor a represálias, tampouco quis que revelassem sua identidade nem a de sua filha.



Nesse mesmo dia, Francisco Ferrer Columbié, de 68 anos, a quem deviam fazer uma intervenção cirúrgica de uma hérnia, não puderam fazer-lhe o eletrocardiograma indicado porque não há papel para o aparelho onde se efetua essa prova diagnóstica. Ferrer reside na rua Moncada, nº 5, em Sagua de Tánamo. Muitos habitantes do município Sagua de Tánamo desconfiam dos sistema de saúde nesta região oriental de Cuba, devido a que não se entregam às instituições os insumos necessários.



DETÊM UM ANCIÃO POR RECOLHER FEIJÕES SILVESTRES



HAVANA, 29 de outubro (Reinaldo Cosano Alén – www.cubanet.org) – Agentes da polícia cubana detiveram o ancião de setenta anos, Carmelo Toledo López, por recolher feijões silvestres na praia Santa Maria del Mar, localizado no município Havana do Leste da capital. Informou Miriam Medernás, vizinha de Toledo.



”Candela”, apelido do ancião aposentado, foi conduzido em um carro patrulha à delegacia de Guanabo, localidade em que reside, onde registraram uma ocorrência de advertência, na qual expressa que ele se comprometeu a não recolher nem feijão, nem coisa alguma das praias do leste havanero, sob pena de ser internado vários anos em uma granja agrícola de trabalho correcional. “É um abuso”, assinalou a senhora Medernás. “Candela’ é um homem pacífico, muito querido por todos. Tinha o trabalho de caminhar vários kilômetros para recolher as vagens de onde extraía os feijões, os secava, os tostava e os moía para juntá-los com a escassa cota de café que vendem em Cuba, porque a pensão por aposentadoria não chega nem para comer”. O tipo de feijão que Toledo recolhia é chamado comunmente em Cuba de “nescafé”, numa evidente alusão a essa marca de café instantâneo.



O governo cubano vende a cada cidadão uma cota fixa mensal de quatro onças de café misturado com sobra de trigo, ou ervilhas. Como esta quantidade não é suficiente para cobrir as necessidades do mês, muitas pessoas aumentam essa mistura com algum grão tostado e moído, como fazia Toledo. A proibição da polícia se funda, segundo expressaram a Toledo, em que recolher frutos silvestres ou vasilhas abandonadas em áreas frequentadas por turistas estrangeiros, como as praias do leste de Havana, poderia dar muito má impressão a tais turistas.



O café é a bebida não elevada preferida tradicionalmente pela população de Cuba, um dos principais países exportadores desse grão desde a época colonial. Porém, hoje em dia a produção cafeeira é uma ruína. Não obstante, nos comércios dolarizados pode-se comprar qualquer quantidade de café puro, porém a preços impagáveis para o cubano comum, cujo salário mínimo mensal é inferior aos dez dólares.



Todas essas informações foram passadas por telefone, já que em Cuba não é permitido ao cidadão comum o acesso à Internet, através do CubaNet e enviadas por La Voz de Cuba Libre (www.lavozdecubalibre.com)



Nenhum comentário: